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domingo, 27 de março de 2011

Saudade que a força da água não é capaz de levar - Cambará do Sul/RS

Dirceu

Pequeno ato (oi, oi!)
Me atropela (esfacela, cai dodói)
Bis in idem (você duas vezes)
Aqui, nós de novo
Nóz-de-ovo
Rato adorado, amor meu
O imbecil (a vontade de estar na roça vendo a leitoa)
Amor teu, morreu ou adormeceu?
(Explique por favor o que aconteceu)
Uma briga, imensa rouquidão (raiva, solidão)
Choro, calidez das pedras que não se dissolveram
Veio aqui, mas não voltou
Véio, preto mais que velho
Quimbanda e quindim (adoeceu de estômago vazio)
Olha a luz! Olha a luz! (A te descobrir)
Tirar teu vestido branco de cambraia
Tua calcinha cheirosa (jasmim-manga)
(Ai vontade de comer)
Ai vontade de você (Amor, amor meu)
Reformaram a fachada da casa de Cláudio Manoel da Costa
De Tomás Antonio Gonzaga , ainda não (quando farão?)
O cheiro da cal fresca, o pé de ora-pro-nobis, cadê?
Arrancaram da terra (das entranhas da terra) você de mim
Destino sábio e cruel (tudo o que vai, volta)
Tomara que volte (tomara-que-caia)
Pulam sapos-cururus no início da escada
Chove uma chuvinha fina, lavando a alma
Quando fui embora, não sobrou nada
(Apenas a esperança do amor).

Lajeado das Margaridas - Cambará do Sul/RS

O Pássaro

Meu Deus, como não passou o tempo todo este tempo!
Tanto tempo
E hoje me sinto tão traído
Tão desesperançoso e triste, combalido
Por favor, soletre o nome de meu inimigo
Antes do quê?
Antes do nada
Do pó
Do intenso vazio
Da água
Da dó
Ainda que fosse um sol não seria tão quente como teu beijo de saudade
O teu beijo longo e louco
E meus dias e rocks não são tão bons assim
E não quero que meus anjos transem mais
Me desculpe!
Os anjos têm causas mais eméritas para cuidar
Tua nobreza vem de onde?
Meu nojo, um escarro este mundo
Das pedras nada transparece
Só a cruz que salva.

Flor em vegetação de praias e dunas - Torres/RS

domingo, 20 de março de 2011

Medicina Celeste

Cristo vem e banha a atmosfera de luz
O gênero humano cresce sem delongas
Quanto horror em tão pouco tempo
Ao tempo longínquo de dois mil anos
Sangue e redenção
Paz dentro de nós mesmos, amor
Quantos abusos cometidos por nós mesmos, erro
Só a carne pode sarar, suavizar tanto desespero
A lógica do Universo é mais ampla do que podemos conceber
Por isso, daremos graças aos céus com louvor
Agradecendo a magnitude da vida
Perfumes maviosos no firmamento, longe de todos os vícios
Quanto necessitamos mudar!
Crescer, chorar
Aprender
Criar a benegnitude do prazer caritativo
Limpar chagas pessoais, principalmente aquelas que não entendemos
Aquelas que parecem contrastar com o amor de Deus
Na verdade são provas que nós mesmos escolhemos
Porque o amor não cessou, e nunca deixou de existir
Pingam lágrimas por aí. Aqui, mais perto do que imaginamos
Avante!
A Ciência não para
Auxiliada por anjos imorredouros, o mundo é banhado com novas luzes
O perdão estampado nos rostos traz nova força ao orbe
Chega de guerra, materialismo vão
A mensagem chega constantemente, de todas as partes
Chega de ódio, extirparmos a palavra de nossos corações
Façamos da Verdadeira Letra sábias atitudes
Não apenas falsas promessas
O amor de Deus a todos ilumina. 

Verde e Rosa - Juquiá/SP

Álibi

Tua alma cândida dói e sangra
Mil farpas, cacos de vidro te atingem
Palavras bem-ditas, sim! A culpa é sua!
A culpa é nossa, minha
De querer mais do que posso conceber
O filho? Ainda não está pronto
Até porque quero minha menina
Vê-la comer hortaliça, enquanto a névoa da manhã evapora
Beber leite, beijar-te a língua, morder o lábio
Da dor de não te ter e mesmo assim falar que a culpa
É toda sua, simplesmente tua
Porque te amo
Por que, vida? Minh'alma, flor pequenina
Verdade! Necessária mentira
Quantos relacionamentos meus acabaram por tua causa?
Tua única causa, a causa de amar
A droga, distância em demasia
Então vens e fujo de ti com medo de desencontrar
Sei que te amo pelo fato de meu coração palpitar louco
Sentir minha mão gelada, uma adrenalina morgada
Pensar rápido para não falar besteira, me controlar
Medir ao máximo as palavras, conquistar
Teu cheiro de incenso ajuda a acalmar
A voz doce cai, meus ouvidos e olhos em torpor
Até ficar contigo para sempre
Vou te usar.
(Terás tua parte do acordo).

Bromélia - Ilha do Cardoso - Cananéia/SP

Original VI

Minutos para o outono bater à porta
Não nos molhamos com a chuva da praia
Muito menos na escuridão da caverna
Brilhou a luz de um beijo
Apenas contemplamos a chuva de algum lugar imaginário
Dentro de nós dois
Ausência
Folhas caídas
Uma cidade histórica
Igreja sem tapete vermelho
Javalis mansos, centauros, caranguejos
Palavras ao vento
Cabelos negros, nariz arqueado
Papel para cigarro
Ausência
Calor de pensamentos
Gosto
Não tenho mais notícias de ti
Imagino-a no ônibus, percorrendo a estrada que não rodamos
A estrada que não desgastou a borracha dos pneus
A linha da mão
Rápidos, vislumbramos vultos de ciganas com longos vestidos vermelhos na beira da rodovia
Misturados aos índios, seus colares e miçangas
Acordei com o fogo do verão, mas é o outono quem bate à porta
É a chuva quem me leva ao âmago do livro em teu corpo
Escreves o desconexo
Rápido
Com tinta de água
Perpassando o solo da caverna
Escreves
Branco e azul
Restinga
Chuva
Amor
Fazes perguntas às máquinas
E as máquinas te respondem um não sei o quê em italiano
Acompanho mudo
Desejo te ver
Busco carona nas costas do javali
Mas o javali e a neve não vêm
Vem a chuva
Solidão
Desejo
Repetição
Vem o outono bater à porta, me chamar para sair
Não vou
Sem você não vou
Os domingos, teus cabelos negros, os três filmes
Qualquer coisa que me dê
Faço delas um mundo imaginário
Só, para nós dois

Como uma linda criança
Seu choro e o outono
A flor que se cair, levanta
As folhas secas e pardas no chão
Escreves pinturas ruprestres nas paredes da caverna
Perto, emano luz e calor
Após ferver os vestidos das ciganas
Te faço tinta vermelha
Pincel
Temporal
Sempre a chuva ácida
O pomar, a maçã envenenada
Estalactites e estalagmites
Arpões, como a mais guerreira das centauras
Flechas meu espírito azul
Esvaio-me em branco
Busco javalis
Desfaleço
Afagas então meu ser nú com desvelo
Água doce, sempre doce
Lua cheia
Centauro, sangue na neve
Branco
Afago teus olhos com meus olhos sequiosos
De saudade, chuva
Água
Em nosso mundo imaginário, no interior da caverna, distante da praia
Afagas meus cachos
Enquanto inutilmente o outono bate à porta
A poucos minutos de ti.

Galho Só - Ilha Comprida/SP

Original II

Vens
Com ares de Mata Atlântica
Hoje,
Dia Internacional das Mulheres
Todas dançam
Tentam esquecer séculos de submissão e tortura
(Triste, muito triste)
Gritam seus gritos roucos
Depressão não
Felicidade, vestidos coloridos, maquilagem
Cantos
Pressão por todos lados
Alma que pulsa
Filhotes de rato
Buscas anjo
Espécimes de psitacídeos em livros de aves que sofrem
Nem sabes se estão vivas
Mesmo assim o anjo busca
Rasga panos garantidos
Mas a dor de ouvir panos garantidos não satisfaz
Remédios?
Ácido não tens,
Limão rosa muito menos
Enxergas a seleção natural através de 22 filhotes
E um monstro de amor invade tua alma,
Toma teu coração e traz coisas boas
Sentimentos indefiníveis

Talvez o que falta seja a poesia
Que morreu e não foi enterrada
A loucura de todas possibilidades
O doce
Sorves palmito
Palmito macio
Outro índio se suicidou há pouco
Não
Não no palmiteiro
Sem galhos (tronco único)
Lágrimas
(Agora só restam lágrimas salgadas)
Missas de sétimo dia
Esperança de que Jesus, O Mestre, ampare
Traga sua luz maviosa como bálsamo
Conforto
Desejo de um Planeta melhor
É tanto sofrimento
Tanta depressão e tristeza
Que o anjo espera somente dias melhores
Acasos
Dias Internacionais do Sexo Forte
Acasos
E então penteias teus cabelos negros e longos
Como chuva
Caudalosos como o Rio Vermelho
A encosta em que tua alma rebate e volta
Pra casa
Pra pousada
Pro lago
Pra edícula
Pra piscina
Pro jardim
Para tantos lugares com oxigênio a te embriagar
(Se ao menos soubesses)
Que a brasa de teu cigarro é uma mentira
Ao menos é tanto...
Tanto sabor em tua boca ávida
Folk
Olhos negros de anjo puro
Por que buscas tanto pela paisagem algo que não tens?!!

Jurastes confortar tua alma com qualquer coisa que fosse só amor
Em contraste um pouco de ódio e aventura
Rodas
Rodopia
(Junho... Junho está chegando!!!)
Com ele, São João
Fogueira, quentão...
Até hoje não sabes o cheiro da cortiça queimada
Para produção de bigodes e cavanhaques falsos
Não importa
Desconheces a alma das mulheres
A dos poetas não são o bastante
Nunca serão
A chama morreu
A poesia também
(Apenas não enterraram)
Um dia ela irá para o buraco da terra
A sete palmos do chão
(Todos os fatos serão negados)
Crês que não, mas serão
Então, como uma criança chorona
Lembrarás dos javalis
Dos urros de terror na noite gélida
Em contraste, pensarás que é só a fauna
Em seu ritmo insaciável de caminhos
De árvores que ameaçam tombar sobre telhados
(Da culpa sobre tombar)
Sobre cortarem teu tronco de sustentação
Tuas raízes secarem
Por sorte te fixas em terreno forte
Terra vermelha
Sorves todos os nutrientes
Em um jogo simples
De dados da sorte
O número alto nem sempre é forte
O naipe esperado nem sempre surge
Sentes-se sozinha
Dia de Sexo Frágil
De amor maior que o mundo
De nada
De imposição
Sem ao menos perguntar-te o que queres
Uma Original e uma porção de batatas fritas
Pelo simples fato de achar que o que é gostoso te completas
Te completas?
Se tua opinião, se teus desejos não são ao menos perguntados...
Significa dizer que o poeta matou a poesia
Esqueceu de enterrar
Pegue teu carro então
E dirijas até a Serra da Bocaina
Pare
Chore um pouco
Penses que eles não te merecem
Destrave o freio de mão
Pense no teu irmão e siga até a Ilha da Beleza
(Ilha Bela)
Sorria
Porque a vida é linda
É contraste
Paradoxo
Por mais que não possas mais chorar
Por mais que o melhor e o pior de um anjo
Esteja em suas asas e nos caminhos que segues
São asas declaradas de psitacídeo
Plumas potáveis que voam
Longe
Longe
Particular
Água
Cores, o melhor de ti
Teu pilar
Tua facilidade em ser lida
No livro invisível que entro quando quero
Mas só entendo quando olho tua face
Tuas plumas coloridas
Rubro-verde
Teu sangue (polpa de Juçara)
Flui
Corre
Volta
Esconde-se
Na Terra Sem Males
Há dois Sóis
Um Planeta onde os moradores residem
Outro em que plantam
E outro onde são realizadas as atividades industriais
Voltaremos para Capela um dia, anjo?
A Terra em que os Jasmins florescem em consonância com a pureza
Tudo de belo?
Nossos grandes olhos amarelos observarão que o hoje é dia da alegria e do amor?
Feliz Dia Internacional das Mulheres.

Mangue Seco - Juréia - Peruíbe/SP

Juízes

Passa, vai passando o tempo eterno (mais uma vez o tempo!)
Entre mil sonhos a Terra explode
Em dor, em bem, em progresso
Mas não sonhe muito, poetisa!
Não durma muito, poetisa!
Não entendeis o tempo, mas o tempo entende você
E se ressente pela falta de ação, pela falta de caridade
A Terra pega fogo!
Homens marcham incessantemente com suas tochas de fogo pelas fronteiras
Os animais, acuados, escondem-se nos grotões
A atmosfera condensa-se em um pesado ar
Quanta maldade... e acima de tudo o amor!
Tempos confusos estes
Após as duas guerras, grande avanço tecnológico
Fim de fronteiras, guerras de idéias, de fés (a unidade, vil homem?)
Guerra, guerra, guerra...
O mundo está em ebulição, em completa ebulição!
As florestas incendiadas, o cão raivoso, as aves pestilentas
E tu, poeta dorminhoco, não vês a noite passar
Olha a televisão, mal sabe se as estrelas estão caíndo
O mundo começando (acabando)
Teu sonho de escritora, poetisa, esvai-se quando procuras o sucesso
Saibas que és instrumento, não se esqueça mais disto
Nunca mais!
És o meio eficaz de transmitir mensagens de bem pelo espaço
Ajudar no adiantamento deste mundo pouco evoluído
Terminar com a hipocrisia, tua cupidez nojenta
Fazer com que a unidade reine nestes tempos difíceis
Muito difíceis
(Expanda tua fé, poetisa! Só assim serás feliz. Mas nunca provoque guerra em Meu nome.)
A unidade deve prevalecer apenas, tão simplesmente, através do amor e da caridade
O cotidiano te prova em todos os momentos as coisas mais lindas que um ser pode perceber
Mesmo sabendo que um dia sofrerás pelos erros do passado
(E não se julgue o tal, dizendo que não errou)
Quem sabe o que aconteceu?
Não! Não abaixe a fronte, caminha, corrige, perdoa
E gira! Roda a roda da vida e escreve teu nome na roda da estória, em qualquer roda
Que rode, gire e faça voar
Lá de bem alto, nevoeiro
Facilmente transponível os obstáculos do caminho
Se plainar o terreno, fazer sulcos e plantar a semente da aceitação de tua mísera condição, poeta
Lutar para que o ar que respiras seja mais puro
(Tenha o odor da poetisa)
Que se corte menos mata, que se coma menos gado, menos adrenalina em teu prato
(Jejú, jejua, jejuar)
Lute por alguém, por alguma coisa que condiza com bondade
Nunca pare de amar (Ensino do Alto).  

sábado, 19 de março de 2011

Cachoeira - Juréia - Peruíbe/SP

Não

Vem cá, me responde por favor!
Propagarias o que é ruim, poeta?
O mundano, por sua pouca evolução, não te causa mal estar?
Não é raramente que ligas o rádio e toca tua música?
A cerveja aparentemente gelada não congela quando enfias teu dedo sequioso no anel?
O cigarro não acaba quando anoite vai apenas começar, te forçando a mendigar?
Tuas vias respiratórias, teu pulmão e rins agradecem
E os cianóides azuis, não te acenam do Vale dos Suicídas, clamando por trabalho e limpeza?
Enquanto isso, milhões de necessitados não morrem na lama?
Seres angelicais não renascem a todo instante defeituosos, resgatando antigas dívidas?
Não choras e sofres, poeta?
Não sentes os mosquitos sugarem teu sangue enquanto dormes o sono dos inquietos?
Dos sonambúlicos?
A tua busca por amor não é feita através de uma cascata de lágrimas?
(Cai! Cai tudo!)
Passageiras estrelas, espírito eterno, coadjuvante de grandes obras.
Brasa que queima, hipérboles, lúpulo resfriado, coriza
(Falsas suposições, amor traído, bandido)
Não sentes fome e jejuas?
Não sentes ódio e perdoas?
Não observas e admiras?
O que te falta, poeta?
Falta alguém? Falta um sentido?
Falta uma válvula ou um paraíso?
(Um parafuso, por favor!)
Bom dia, tinha me esquecido
Afinal, tantas coisas para lembrar que me esqueci de ti
Desculpe, sinceramente
Compaixão a um pobre negativista, clemência!
Areia nos olhos, areia bem fina carregada pelo vento e outras forças
No âmago de tuas retinas cristalinas, mal escritor!
Ninguém te visita? Amigos, parentes, almas deste mundo?
Não lesionas teus dedos magros, sem querer, em qualquer trombada
E não sentes raiva e uma vontade imensa de xingar?
(Não! Não entre no mesmo nível vibratório de entidades inferiores, agradeça)
A obra a ser construída, valente soldado, é de peso e não admite exoneração
(Avante sempre, progresso e ordem!)
Novas trincheiras sulcam a face da Terra para a grande batalha do amor e da caridade
Lei Universal, tempo perfeito para a guerra sem templos
Apenas corações positivistas e fraternos sobreviverão!
Os dissidentes e vencidos serão irresistívelmente cooptados
Forçados a se adequarem na norma que rege o Universo
O tempo é agora, não existe passado nem futuro, apenas presente!
(Enorme batalha a ser travada!)
Só o amor nos faz dizer sim, sem medo das consequências que terás que suportar com fé e resignação
Entendeu, poeta?

quinta-feira, 10 de março de 2011

Original V

Acendo cigarro sobre a mesa
Quanto ele é culto e difícil
Romper necessita fazê-lo voar
Flutuar nas alturas
Caso contrário não tentarei arrebatar o coração, o peito e o que mais houver dele
Ele já não é mais ele
É meu dissidente a arremessar dardos em qualquer emanação fluídica que disparo
Cruzo os olhos nos dele, faísco
Transbordo e não mais retorno
Invento usuais desculpas
Bebo
Na alma e na doçura dele
Sei haver amor
Espero
Acendo cigarro na flor do lago
Culto e irônico o meu rapaz
Menina, a mais bela do Lácio
Possuía pulseiras de âmbar e receio dos dentes dos javalis
Da neve
Fiz meus sentimentos mais frios
Na esperança do calor do beijo de meu menino
Mas meu rapaz anda distante
Orgulhoso, longe de tudo
Olhar fixo
Faíscante
Se apaixonou.

terça-feira, 8 de março de 2011

Juréia - Peruíbe/SP

Sobre Deus

Eterno é Ele que nos faz imortais
Mas não imutáveis
Já que vivemos para evoluir, mil e uma vezes.

Sobre a Vida

Fugere urbem ut vivere in aurea mediocritas.

Sobre o Palmito Juçara

Das mil e uma árvores plantadas
Aquela palmeira era a mais imponente
Já contava com quase trinta anos
Mas lá, não gorjeava o sabiá, pois os tucanos estavam famintos pelo poder
Tucanos de bico amarelo e asas mágicas.

Sobre as Amizades

Afaste-se das más companhias, mas não totalmente
Aprenda o que elas podem ensinar e auxilie
Para que elas não se percam em vis paixões
Não cometam mil e uma vezes o mesmo erro.

Sobre as Paixões

Seriam devaneios subitamente tomados?
(Alegria, alegria)
Água gelada descendo pela garganta
A temperatura de mil e um beijos.

Sobre o Karma

O planeta, apesar das dificuldades, nos traz o sentimento de que, mesmo voltando mil e uma vezes, não seria tempo suficiente para ver e conhecer tudo.
Quantas vezes já fomos e voltamos?
Quantas vezes te encontrei?

Sobre a Bíblia

Necessita ser interpretada como um todo
Mil e uma vezes e assim sucessivamente
Sem nos esquecermos da nova Palavra que vem orientar.

Sobre o Tempo

Quaisquer mil e uma horas têm sua razão de ser
De ter!
Esta época fria do ano
É também seca
Por isso não vai chover.

Sobre a Natureza

Ao plantar mil e uma sementes de palmito juçara
Esperarás quinze anos e ao final dos quinze anos
Verás uma árvore adulta
Uma verdejante floresta atlântica
Onde as bicadas das jacutingas e tucanos não machucam
Fazem apenas defecar no solo sementes
(Em tua mente a aparição de uma cegonha vinda do norte)
Na barriga da mulher, a lua cheia a crescer
Por trás das folhas do palmital, o menino dorme na oca
Já tem quinze anos e três vidros de palmito.

Sobre a Natureza da Literatura

Imagine alguém lhe contando mil e uma estórias todas as noites
E quando as mil e uma estórias acabarem, ela lhe contará todas novamente
E verás que já não és o mesmo.

Sobre a Natureza do Amor

Seria o amor eterno?
E se o amor não for um?
For mil?

Sobre o Eterno

Eterno é Deus! Tal qual Shiva, Ele tem o poder de destruição sobre todos nós
Meros invólucros de carne sustentados pelos ossos do ofício
Pela energia do espírito eterizado que insiste em correr
Mas nossos vícios (nossos vícios são mil) e são tantos
Que as paixões são apenas passageiras.

Juréia - Peruíbe/SP

Medo

Vamos educar nossos filhos em casa (se for mata)
Na floresta fechada (pescar lambari)
Todos aqueles planos (anos se passaram, lembra?)
E o que passou? (O que passou!)
Tudo o que passamos juntos (o que passou?)
Nada (mergulha no passo do passista)
Nas mãos do pianista (tecla preta)
Asa branca (voa pombinha)
Voa
Aperta a tecla branca (provoque estampidos ensurdecedores)
Pressione violentamente o ar (ponha-se ereto!)
Expansão de tuas partículas
(Pequenas partículas singelas)
O barro quente, a telha no joelho
O casco de tartaruga
(Tarântula) Posição de ataque
Fotos antigas (documentos públicos)
Nada
Diferente o túnel e a neblina
(A lua cheia)
E o sol branco na mulêra
(À luz, foco dirigido)
(À luz, sempre presente)
Brinde ao triângulo vermelho de sangue daqueles que fizeram Minas Gerais
O fundo, repare, é branco
(Alvo belo)
Talha (na madeira tua alma calha)
A cruz (força)
Três pontos
Vamos educar nossos filhos na seara do Cristianismo
Porque outra verdade não há (Ela é uma só)
E que acreditem também em fadas e duendes
(Na grandiosidade da natureza e suas forças maravilhosas)
(Agora tudo é medo)
Por favor, Deus, mais uma vez eu lhe peço...
(Mais uma vez eu lhe peço...)
Tua vontade é bendita.

Chuva em Cananéia - Cananéia/SP

Chuva

Hoje a tristeza é diferente (é muda, rente)
É uma tristeza sem dúvida quente
(Você está e vai partir)
Espero chegar logo
(Com pingos nos is)
Águas de março
Telhado da casa rosa (montanhas de lavras)
O novo desaba
A cidade, envolta em brumas maviosas
Chora a chuva
(A chuva nos telhados das Dores)
Dores não
(Sorrisos, por favor)
E as notícias que nos chegam em reticências
O mudo tempo que passou
(Não se ouve mais os tambores)
O carnaval acabou
A estrada
A estrada não acabou
Finalmente o ano começa
(Ou seria a vida?)
Em cápsulas de chá verde
Comprimidas ao estômago
(Tão dilacerado pelo Carnaval)
Cai chuva
Chuva cai
(Para lavar a alma).

Ubatuba/SP

Gandhi

Você talvez não saiba para o que eu vim
E viu
Sentiu
Espero que tenha gostado
Se amou como te amo (melhor)
(Melhor)
Eu te amo muito
E, se corrijo, não é por maldade
É por amor
Um amor que tenho medo que não encontre em lugar algum
Lugar algum
(Na Índia)
Me incomoda o formato do país
(Triângulo equilátero)
Purpurina
Pierrô
(Triste?)
Não!
Feliz
(Felicidade de pierrô)
Lágrima
(Cerveja no rosto do pierrô)
(Gotinhas no rosto da colômbina).

Flor de Cerejeira - São Miguel das Missões/RS

A Borboleta

E a vida é a maior de todas as dádivas
Foi Deus quem criou tudo isso
Assim como foi Ele quem criou todos nós e mais um pouco de nós
Aproveite o dia como se fosse o último
Façai o que bem quiser, mas respeite o ritmo do Universo
Hoje faz sol, amanhã venta
Quem sabe chore
Lágrimas de agradecimento por andarmos
Sim! Temos pernas
Quem sabe, lentes de contato?
Toque, retoque e sinta
Teus olhos azuis fluorescentes
(E se teus olhos não forem azuis, que sejam amarelos, verdes ou fogo)
Nunca rotos, por que não faiscantes?!
Cegos usam asas para se locomoverem pelos carvalhos e arbustos da Idade Média
Cajados, mãos calejadas, trabalho (Dádiva!)
Sim! A vida é a dádiva mais rara
Hoje faz sol
(Alçar voo para paragens mais santas)
Xamã, festa do índio em Bertioga
Mato, capim e a planagem azul
Lavastes o rosto com água de manhã?
Pois é... (É a dádiva)
Abençoando teu dia rápido como o vento
Porque hoje faz sol, aliás.
Consegue ver a morte nesta borboleta?
Acho que aproveitou e vôou (não foi nada).

Galhos Secos - São Miguel das Missões/RS

Horóscopo do Domingo (Astrologia)

Como me sentir melhor?
Buscando a alegria de cada chamado
Cada clamor soante como sino
Não há pedra alguma no meio do oceano!
(Quer ver pedra? Venha para Ouro Preto!)
Raias da loucura, serpente do mar, algo mais
Sempre! Sempre mais!
Buscar o sol, o pastor (rebanho de ovelhas)
Tantas lágrimas (perguntas e distâncias)
Semeia, semeia sempre Pomona
(Sementes boas, rebeldia)
Caranguejos rebeldes, são mesmo!
Tampo, mas não escondo as vozes
(Pendões de luz)
Algo que cresce (como árvore), sussurra baixo
(Os tais segredos batidos no liquidificador)
É! Nada cresce! (Bate!)
Vai! Sai por aí! Leva teu filho para passear!
(Somente em lugares bons, com pássaros)
Sinfonia, orquestra de sinos (sábado)
Vai passear este domingo!
Ver que as borboletas roxas também batem as asas
Motocicletas mancham de neon azul a rua
À Direita escorre um não sei o quê!
Terra de calapalos, txucarramães
Araras! Vá ver araras voar!
Saírem da parede, cavernas de amor
Vá! Olhe o acasalamento das araras-canindés!
Mas não se espante se ver as araras-vermelhas (lar)
(infelizmente as ararinhas-azuis estão quase extintas)
O céu, nem sempre azul (multicolorido)
Coisas tão fantásticas!
Dois anjos se beijando na festa
(Muitos copos conquistados, abismados)
Domingo não rima com abismo
E se quiser se jogar, se jogue
(Confiante)
O céu tão essencial, não azul
Túneis branco e preto (saia de bolinhas)
Saia-branca, bolinhas no céu anil
(Espelhos quebrados)
A boca é tua, não vou ferir
Vou sair quieto.
(Eterno. Em doses de revolta).

Terra Torta - Rio Ribeira de Iguape - Iguape/SP

Ascendência

Oriúnda fumaça que esconde o ambiente
Não quero lembrar!
Vida perdida!
Já perdi a passagem que levava ao céu!
Agora vago espantado pelas fachadas dos casarios (prisão secular)
Becos clássicos, lobos devorando pálidas presas
Mito prolongado, energia infindável
Família arrasada! (A Santa Família arrasada!)
Ódio, orgulho, egoísmo (Provas a suportar!)
Aqui não reside a perfeição
Ilusão, meu amor! Ilusão!
Ilusão, meu amor! Ilusão!
Rumo incerto.
Te acho! Me perco!
Te perco! Me perco!
Meu livro segue inacabado! (Nunca pensado)
(O livro da Cidade, de outros prazeres!)
Marcado a ferro e fogo (na alma)
Apenas uma lembrança (ignota!)
Se o mal te rondar, não perceba (beijo e veneno)
Caminhe ao som do sino coberto pela neblina
Caminhe
(Subida e descida).

Bromélia - Cananéia/SP

Quem Tu És?

Estes raros prazeres divinos
São frutos do ócio e do amargor de não possuir o cheiro de tua lânguida beleza
Quem sou?
Jaz a pergunta no frio cemitério da vida
A resposta? Está no céu e no inferno!
Necessário se faz aventurar pela tua boca
O manto diáfano do amor é a trilha (meu caminho!)
Bebo de todas as águas (não encontro teu gosto!)
Paixão infindável (lágrimas se esparramando tristes)
No telhado do espaço apertado a noite persiste sem fogo
Árvores não sentem fumaça de fumo
(Espairecer na copa molhada)
Quero afagar teu cabelo como o rosto puro de Cristo
Sorrir ao teu olhar casto
Dormir ao teu colo por entre todas as cruzes brancas
Erma pergunta,
Quem tu és?

Orelhas-de-pau (Pycnoporus sp.) - Juquiá/SP

Escuridão

Amo escrevendo
Escrevo amando
É este lugar intergalático, onde tudo se confunde
A própria existência e o amor são apenas palavras
Escritas, perdem seu significado, generalizam-se
Subjetivam-se
Recitadas, ganham vida
Ultrapassam tua sombra projetada perpendicularmente
(Meu vício predileto)
Sinos que tocam, pêndulos que balançam
(Permaneço parado)
Ouvindo sons inexistentes (embalados pela ditadura)
Banalidade! Seria gostar, idealizar e amar (amar de verdade)
Pessoas feitas de mentira?
Ainda sei acender as luzes que guiam, não se preocupe!
Escuridão é ter a incerteza da morte com a vida certa
Ver os insetos noturnos chegarem. (Perto da luz, bem perto).

Fachadas - Cananéia/SP

Dormir

É muito mais do que deitar a cabeça no travesseiro e pegar no sono.
Enquanto o mundo lá fora gira mais rápido que seus sonhos.

Praia de Marujá - Ilha do Cardoso - Cananéia/SP

Ilha Comprida

Uma fraca luz branca se aproxima cada vez mais entre as ondas da praia
O forte barulho do mar, quebrando intensamente na areia
Eleva meu espírito às alturas!
A consciência transpõe o céu lacteado, até chegar na luz
Fazia se confundir com a lua, um simples barco
Vagando sem rumo pelo calmo oceano de maresia e gaivotas
Tragado pela luz, de volta ao meu corpo
Confrontei-me com a realidade
A ausência da praia
Tão linda e longe
Movendo-se rápido, a lua tornava-se uma constante no céu
Meu fôlego era segurado pela noite!
(Por dentro, em silêncio, estava morto.)
Até amanhã, meu medo terá ido!
(Respira-se o silêncio)
Curto destino
Longo caminho
Durmo!
Assim ouço minha voz por dentro, sussurrando:
"Vai!
Segue o barco!
Ele não volta mais!
Vai!
Segue o barco!
O barco branco, azul, maresia!"

Rhizophora mangle - Ilha do Cardoso - Perequê - Cananéia/SP

Âncora

Embaixo de imensas pontes de concreto
Um leve corpo é sustentado pela densa água
(Lágrimas choradas pela natureza destruída)
Verde lugar
Correnteza salobra.

Pedras - Ubatuba/SP

Vida

A cor da minha presença está desfigurada pela sua falta
Já superei o perigo (mas não as feridas)
Que corroem minha rígida pele
Este é o tempo de minha vida (o complemento de minha alma)
O instante de minhas ações (a consequência de meus atos)
Te procuro pela densa relva (- Não me deixe!!!)
Avermelhada pelo entardecer (escura pelo anoitecer)
(Vazia sem você!)
Estes são loucos dias em que minha insanidade contrasta
A lucidez de seus olhos (negros como o mar) puros como as trevas
A primavera contamina nossos corpos secos pelo ódio da saudade
A poeira do deserto enche meus olhos com lágrimas
(Correm livres...) pelo seio da face rosada
Evapora o orvalho úmido no branco gelo da noite
A mim recobre
A inflorescência do mal que se expande
(Banco de trás do meu carro)
Onde vejo os clarões provocados pelas estrelas
Tão escuras como a paisagem vertente
Laranja deserto chamado Vida. 

Folhas Caídas - Juréia - Peruíbe/SP

Primeiro Movimento

Apenas o silêncio quebra o som distorcido dos galhos vertentes
A escuridão da noite torna o caminho mais claro
Encostado na porteira da fazenda
Ouço sua voz
Nítida
Marcante como você sabe ser
Volte!
Deixe-me sentir o ardor de sua pele
Contrastando com o frio da noite de suas fantasias
Tão meras quanto eu (lembrança imortal)
Não te perdi (apenas não te tenho)
É somente um luxo de minha alma
(Ferida pela simplicidade que você possui, não ela!).

Broto de Samambaia - Juréia - Peruíbe/SP

Incenso

Grandes impérios e civilizações
Foram erguidos por sólidas pilastras de concreto (assim como a solidão de mármore)
Minha vida é o esplendor de uma fé mal concretizada.
Meus laços com o passado são tão fortes que acabo esquecendo-me do momento presente
Teus pés caminham nús pelo chão quente, mas nada sentem
A não ser a raiva que transborda da áspera pele
Ao pisar na grama queimada.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Barcos - São José do Ararapira - Cananéia/SP

Neve

Nunca!
Nunca pergunte a uma mulher se ela gozou!
Ela pode odiar
Fingir
Não mais gozar!
Estímule tua imaginação na fantasia alheia
Revista-se de pierrô
Continue o intenso movimento, não pare!
Sinta o gosto ácido
Branco
Minha pureza imperfeita poética
Quando?
Quando serei santo?
Satisfaço sexualmente minha dor
Sob teu corpo depilado
Carrego nas costas toda a areia do rio, da cachoeira e da praia
(Um novo tempo se aproxima)
No dia do pentacampeonato, anjos desceram do céu para te buscar
Falanges espirituais abençoaram a pátria do Evangelho de Jesus Cristo
E meu corpo tóxico talvez nunca esteja limpo
Mesmo assim meus dedos invisíveis escrevem
Impurezas paradoxais, rezas e orgasmos, o céu e Deus puro
Iasmim nasceu!
Procuro gatos brancos em meus sonhos raros
(Tento esquecer a lembrança e a saudade!)
Milhares de partículas se esvaindo de meu ser
Calado alto, em que rio estou agora?
Minhas dívidas atormentam-me
Não ligo mais a TV!
Espero a neve cair pela lágrima.

Cachoeira - Cambará do Sul/RS

Fantasia

A vida invade constantemente
São tantas as opções
Laços que revelei e amarrei em novelos fofos de lã
Tudo é quente em mim (Às vezes gelado)
Daí tu vens e me esquenta
Quero observar a mata
Não posso ouvir falar em carnaval
Já vejo jacarés-de-papo-amarelo
Monocarvoeiros
Intensa traponema, lantejola
(Esqueça qualquer lágrima!)
É apenas a chuva
Sou eu.

Alva - Juréia - Peruíbe/SP

Tristeza

Esquinas de uma poesia
Um rato, um sapo e algo mais na esquina
Névoa, nada e sexo
Fome, estômago vazio
Versos que não rimam com nada
Vazio
Um molho de chaves no chão
Tristeza. Terça-feira.
Os moradores ofegantes fora de suas casas na rua da Amargura.
Ainda que houvesse uma fuga
Água-benta
Chuva
Seria um só
Moderado, sábio
(Coragem, justiça). A República não morre mais, terça-feira.
Gente gorda falando abobrinhas, não fazendo nada
Te vejo na janela, Marília
Espectro de luz
Fundo do poço
Pó branco
Tanta tristeza
Janela azul, oficina
Não fazem chamada!
Me marcam, tapam meu sol
Inventam camisinha
Pílula do dia seguinte
Lágrima lubrificada
Ainda que te inventassem, meu anjo
Nosso amor seria trágico, distante e desesperado
Estaríamos separados?
Maldita carne, carne santa
Abrigo de espírito (dirigimos nossos corpos ao éter)
Já não mais escravos.
Apenas deixamos na Terra o pó
O que vai levar ao firmamento
Teu bolso furado?
Ampulheta
Tristeza
Pó.

Flor - Ilha Comprida/SP

O Universo

Observa como é tão amplo o Universo
E, de certa forma, a desnutrição da alma necessita do saber
Quantas grandes naturezas ultrapassam alvas tua raiva
Um ponto de saber, a Via Láctea
Águas que escorrem quietas da montanha
Fogo, uma chama viva em teu ser
Terra, à tecer todo o Universo telúrico
Ar de esperança, vida que começa
Sente como tudo somado se encaixa
Ângulos de noventa graus, triângulos equiláteros
Na paisagem, portões abertos para qualquer lugar
De preferência, lugares bons, que te ensinem
Somos poucos anos perante a idade planetária
A idade do Universo?
Quem sabe? A velocidade da luz...
O tempo de três cantos, realmente não param
Ainda que parassem, parou por quê?
Evoluir. Depois do um, o dois, e assim sucessivamente
Em uma projeção ad infinitum até você, ponto de luz e saber.

Orelhas-de-pau (Pycnoporus sp.) - Juréia - Peruíbe/SP

Mito

Idílica. Bondade personificada na mulher.
Amor eterno do Dr. Tomás.
Aleijadinho a protegia.
Nada faço além de presonificar...
Insensíveis se destruíram o que era tua casa. Os tempos são outros, sei.
Não aceito! (Não é que tiveram a cara lavada de colocar uma placa em teu portão!)
Como se tua alma fosse uma propaganda!
Como se a árvore do amor não devesse florescer tranquila!
Junto com a traquéia, a folha seca e tratada de jatobá
Perdoa
Somente um anjo para aguentar tamanha ausência
Uma rosa. Gota de sangue.
Lenço. Lágrimas torrenciais.
Inesquecíveis saraus, a mata, o a...
Devia proibir-te de sair a noite!!!
Perigosos tempos de mil e setecentos!
Manto branco e azul.
Reforma do colégio.
Minissaia. Um amor de pessoa!
Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão.
Aluna exemplar.

Entardecer - Guarujá/SP

Pietá III

"Oh! Meu filho! Não faça tantas perguntas!
Não use meu nome em vão!"
Sinto tua ânsia de chuva no mês de dezembro
Mas a vida ressurge logo cedo
Reze pelo sol! Radiante alegror
Alegoria de traído, sei!
Mas não se assuste tanto assim!
Por favor, não se assuste tanto assim!
Estude bastante. Dias de chuva. Igreja de Antônio Dias.
Lá fora, onde houve guerra e ouro, há paz
Ouro Negro reinventa-se mais belo e prazeroso do que nunca
Foi visto um menino escravo!
Entre a cerração, estátuas de Congonhas nos visitam
Todas carregam mantos e capas de chuva
Andam em zigue-zague
Incontinênti, caminham...
"Não desvirtua (tua) justiça"
Chora, mas se levanta, mesmo molhado, você que foi traído.
Abre e clama ao céu uma ajuda. Implora com fervor.
Não se esqueça que antes de ser traído, traístes.
E todo este aguaçeiro lá fora já caiu um dia.
Evaporou.
Chuva, dança. Um barraco que desabou encosta abaixo.
Sorte não haver ninguém. (Princípio da prevenção).
(Defesa Civil, abra os olhos nos períodos de chuva!)
São Pedro fartura.
São João bajula, troca a dança, "As Portas"
Da percepção de um alabastro
Candelabro. Sete.
Os profetas de Congonhas já passaram por aqui um dia.
Marília? Está na São Francisco de Assis
(Chove muito, todo o dia)
Aparenta nunca mais aparecer o sol
Rezo calorosamente (Piedade, meu Pai!)
Danço.

Sanhaço (Thraupis sayaca) - Guarujá/SP