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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Cedro (Cedrela fissilis) - Campos do Jordão/SP

Partida

Sentimentalismo que parte em vôo de avião branco
Temporada de furacão
Tornado
Partistes com os olhos tão marejados
Incertos
Perdi a despedida como quem chega ao aeroporto e perde o avião
Não o achas em meio a neblina, as torres de comando
Traduzem luz
Aqui, o tiê procura sementes em meio a floresta grande
A regeneração natural continua ocorrer em processos mágicos
Tua ausência é sentida
Em despachos, escritos de espíritos diamantinos
Tornados tudo devastam, fazem uma revolução na alma
A vida tu ganhas
Perdemos e continuamos
Plátanos, maples, pinheiros
Em tua floresta voa a águia-americana, imponente
Sequóia
Aqui brota o mulungu, o cedro, a araucária
Gralhas-azuis bicam pinhões
Rasgam corações, sem esconder, apesar do jeito tímido de ser
Espero melhoras no dente
Que possas gritar a todos os pulmões cantos maviosos
Bebes
Aprendes em vôos cada vez mais amplos
De retorno, volta, partida, resposta
Tão distante, cansada
Penas em preto-e-branco, pensamento
Penas ferruginosas, tais quais somente a fêmea do pássaro possui, asa de avião branca
Madrugada de santos, estrela
Amarelo, vermelho intenso, revolução tornada sem efeito
Vento forte, costa leste, colo
Tornardo em Joplin, muda de aroeira voando longe
Saudade.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Resposta

No Alentejo havia uma menina aguardando poesia
Quem era mais linda?
Palavras macias amaciam conversas
O dia que a voz virá
Quando?
Em tudo há explicação e oportunidade
Nas horas vespertinas, fica mais claro o desejo
A resposta para o fim, saudade de poesia
Deste amor sofrido que faz o poeta escrever
Mola propulsora de simbolismos e voltas
O que lês a menina do Alentejo?
Sobre qual sofrimento escreve o poeta?
Lento, penetrante, fundo
Mentiroso, com tudo o que é necessário
Faz promessas e não cumpre
Como gato se espraia de muro em muro
A menina somente observa os passos ágeis
Não chora
Sabe o tipo de animal que observa
Dentes
Miado doce
O Tejo corre, corre, desce a montanha
Deságua em mar de almas
Diga-me
Se raiva não há, há o quê?
Medo?
Amanhã?
Frieza e maldade?
Como podes ser tão insensível, poeta?
Se o Alentejo não é tão longe assim
Se os olhos da menina desabam em água
Ao observar o gato de muro em muro
Em sua caminhada perdida, sem rumo?
Pulsa coração, afagas fôlego
Olhos e pupilas enormes de menina
A voz virá longe do Tejo
Próximo ao Brasil, ao mar
No tempo puro da resposta.

domingo, 22 de maio de 2011

Elemento Fogo - Campos do Jordão/SP

Flávia II

Escrevo a poesia mais linda até hoje escrita
Pelo simples fato de você ter vindo ao mundo
Merecer
Na frente do fogo debulho em papel reciclado
Pata negra, beijo
Solidão e saudade
Esmeralda
Chão da mangueira
Cambará
Hoje coloquei meu poncho andino
Não imaginarias os sentimentos por qual passei
Ás
Beijo
Sangue em explosão
Serra
Rachado, pretensão relatada de volta
Silêncio
As três eram mentira
Foi uma só, admito
Não sabia outra forma
Estava carente mesmo
Com a alma incandescente de poeta continuo
Quero voltar porque sinto falta daqueles tempos
Do porvir
Tanino e beijo
Aquele lugar na serra que tinha cabras
Leite, queijo e beijo
Brasa
Tempos como aqueles
Psicografia e afago em teu rosto
Combustão
Elemento fogo
Araucária
Pinhão no chão
Na boca lábios rubros muito rubros
De vinho em jarra
Quieto e esquecido
Fondue de frutas
Sabe qual foi o problema?
Queria viver do mesmo modo que vivia contigo
Mas com a condicionante da liberdade
Não para outras
Mas para as festas, natureza e preguiça
Como bicho, queria ficar grudado na cama como o animal fica na árvore
Comer folhas de embaúba e dormir
Outras vezes me despertou o interesse pelo que outras continham
Eu, jovem, alma profunda
Cheio de sentimentos, nunca deixei de amar-te
Meu carro estiloso pulsou um dia o coração
Rápido e curioso
Venho conhecendo outras sem beijo
Meu futuro é só e extremamente poético
Continuo a fumar Marlboro Silver
Nunca consegui te esquecer
Principalmente nestas noites que coloco o poncho e bebo vinho.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Melastomatácea ao Sol (Fios Invisíveis) - Sete Barras/SP

Stella

Declamas poesias de amor próximo ao jasmim
Aceitas um convite na noite gélida
Vens
Com seu alforje grunge quadriculado
Sorriso alvo, não negas
Como a brisa relutante rápida a enrubecer meu rosto
Vai como vens, bem
Lua, pimenta, pão-de-queijo na boca
Este é teu, grato
Gesticulas com o dedo sinais de união, acordes de rock
Dentre todas que negaram, aceitastes com tanta resignação minha alma só
A acompanhar mais uma vez a noite, espero
Tua declamação de poesia de amor
E tuas poesias a rodar o mundo, perdidas em relíquias de outros homens
Queimadas como chama forte
Comparativo
Nos poetas não se pode confiar, apenas sair, deixar
Engodam com suas palavras doces até chegar subitamente o fim áspero
Deleitam-se em sorrisos alvos, cachos de inverno
Perda
Canais próximos não encontrados, caiçaras
Gata branca sob o carro preto, sexta-feira treze, heroína
Elementos saborosos amortecendo cigarros de morango, kiwis
Estrela a abraçar um mar
Cão correndo atrás de pombos, cortando água doce e sal
Apesar de a noite estar gélida, tua flanela quadriculada te proteger
A poesia de tua boca não cessa e é raro encontrar poetisas na noite
Poetisas que saem desvaraidas e humildes em busca da magia, hálito de mar
Atitude antitudo, meu coração se espraia
Confunde praia com noite
Sol com pimenta verde queimante
Imóveis, casa para morar, confissões

Sei de ti que apenas ama.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Janela da Igreja de São João Batista - Cananéia/SP

Feliz Aniversário

Reclinada em uma cama feita exclusivamente com plumas de tiê-sangue
Vagas
Pairas por planetas distantes, com o queixo apoiado sobre as mãos
Na imensa leveza de plumas vermelhas
Escutas o Chico Buarque a te chamar
Parabéns para você, canções
Tua alma, aparentada ao deserto da Galiléia, é por onde caminha o Mestre
Somente quem viu tuas lágrimas sentiu
Dor que se dissolve no ar
Arrancam teu dente, beatificam o Papa, matam o terrorista
Tudo em um mesmo dia, de trabalho e festa
Calam tua boca, não a voz
Vez ou outra rolas de um lado a outro pela cama
Plumas caem ao chão
Pássaros de todo o Universo depositam mais, fazem ninhos
Cantam
Mosquitos rondam teu travesseiro cristalizado
A antigoécia de bons espíritos te protege
O inverno chega, não há frio em meio às plumas de tiê
Teu agasalho cerrado, abraço
Bebe
Basta em si, para o bom entendedor nada
Segredos que desconhecia
Anos de vida, festa
Vela a imitar o sol, para os pássaros alçarem vôo
Caminho de felicidade, toques não percorridos
Visgo, cola de mel
Preto e branco
Armadilha
Sinto tanta sede, dá-me água de beber
Água-viva
Rádio em pane, acreditas ser mágica?
Sob luzes vermelhas, lês poesia na cama
Abres presentes, cartas
Enquanto tiês-sangue esvoaçam pelo quarto.