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sábado, 19 de março de 2011

Não

Vem cá, me responde por favor!
Propagarias o que é ruim, poeta?
O mundano, por sua pouca evolução, não te causa mal estar?
Não é raramente que ligas o rádio e toca tua música?
A cerveja aparentemente gelada não congela quando enfias teu dedo sequioso no anel?
O cigarro não acaba quando anoite vai apenas começar, te forçando a mendigar?
Tuas vias respiratórias, teu pulmão e rins agradecem
E os cianóides azuis, não te acenam do Vale dos Suicídas, clamando por trabalho e limpeza?
Enquanto isso, milhões de necessitados não morrem na lama?
Seres angelicais não renascem a todo instante defeituosos, resgatando antigas dívidas?
Não choras e sofres, poeta?
Não sentes os mosquitos sugarem teu sangue enquanto dormes o sono dos inquietos?
Dos sonambúlicos?
A tua busca por amor não é feita através de uma cascata de lágrimas?
(Cai! Cai tudo!)
Passageiras estrelas, espírito eterno, coadjuvante de grandes obras.
Brasa que queima, hipérboles, lúpulo resfriado, coriza
(Falsas suposições, amor traído, bandido)
Não sentes fome e jejuas?
Não sentes ódio e perdoas?
Não observas e admiras?
O que te falta, poeta?
Falta alguém? Falta um sentido?
Falta uma válvula ou um paraíso?
(Um parafuso, por favor!)
Bom dia, tinha me esquecido
Afinal, tantas coisas para lembrar que me esqueci de ti
Desculpe, sinceramente
Compaixão a um pobre negativista, clemência!
Areia nos olhos, areia bem fina carregada pelo vento e outras forças
No âmago de tuas retinas cristalinas, mal escritor!
Ninguém te visita? Amigos, parentes, almas deste mundo?
Não lesionas teus dedos magros, sem querer, em qualquer trombada
E não sentes raiva e uma vontade imensa de xingar?
(Não! Não entre no mesmo nível vibratório de entidades inferiores, agradeça)
A obra a ser construída, valente soldado, é de peso e não admite exoneração
(Avante sempre, progresso e ordem!)
Novas trincheiras sulcam a face da Terra para a grande batalha do amor e da caridade
Lei Universal, tempo perfeito para a guerra sem templos
Apenas corações positivistas e fraternos sobreviverão!
Os dissidentes e vencidos serão irresistívelmente cooptados
Forçados a se adequarem na norma que rege o Universo
O tempo é agora, não existe passado nem futuro, apenas presente!
(Enorme batalha a ser travada!)
Só o amor nos faz dizer sim, sem medo das consequências que terás que suportar com fé e resignação
Entendeu, poeta?

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