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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Mirela MDCCLXXXI


Água mole de cachoeira
Espere-me lá fora, amor
Propositiva
Arrebente suas potencialidades, caia ao chão como taça de vinho tinto
Espumante branco, te satisfaz?
Quando teu corpo for levado pela tempestade
Ficará por todo o ar fragmentos poéticos
Até o final haverá um índio rondando teus sonhos e tua comida
Teu sexo, a flauta
O peixe
O arco
De frente ao pescador se lembrará do caiçara
De sua canoa de sonhos, seu cordão de carregar pesca
Lembrará da noite e tuas orelhas macias descansarão
Em pedra dura
Hoje troquei uma passagem por condicionador
Amanhã não sei
Por onde irei, adeus
O arco-íris indica que caiu chuva na Cidade de Pedra
No Paraíso
Um anjo se envergonhou, ficou rubro e se retirou
Adeus
Amor
As aves de arribação se foram
Pousar em teu seio, contar um segredo
A resposta foi uma rajada de água doce, mãos evocadas para acender tocha
Mãos equivocadas de fogo e mar
Se o anjo tocheiro devolvesse o que me roubou eu entenderia tua escuta
Mais uma vez
Outra
Outra
Outra
Até se ferir de amor
Sangrar, olhos turvos de choro
Água mole de cachoeira, deusa africana
Mais uma vez
Pai João te faz sinfonia, carrega teu espírito pela noite para te purificar na água da cachoeira
Você entende?
Entende tudo o que acontece a sua volta?
A limpeza que se opera
A promessa que se cumpre
A música que soa em teus ouvidos macios
Entende?
Recebes um abraço de um bicho-preguiça, um afago mamemolente
O outro, que virá cedo te procurar, deixará dúvida se é ou não é
Neste momento, por apenas um pequeno lapso de momento
A água mole irá parar de cair
Apenas por um momento
Espere por mim lá fora, amor.

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