Seguidores

sábado, 7 de janeiro de 2012

Mirela MDCCLXXX


Gostaria de saber estalar o corpo como fazes
Quando pegas em minha mão no meio do dia
E a coloca perto de teu coração, me sinto confortável
No quarto a meia-luz
Voa um vagalume que você não vê
A língua colante da mariposa em teus ouvidos macios
Não é possível desligar teu motor
Apenas quando dorme o sono dos justos
Tuas asas abrem com toda intensidade
O restante do tempo são luzes e áureas brilhantes
Sol forte
Pele queimada, tostada, mel tostado
Você chegou sozinha e foi embora sozinha
Quando adentrar o mundo invisível
Repleto de fagulhas poéticas e elementos translúcidos
Verás dardejar em teu perispírito ondas de amor vindas de longe
Atravessas um oceano e um oceano não é suficiente
Te encheram de mimos e presentes, afagos
Mas não souberam te dar o amor rude, desprendido
Te fizeram sacrifício, imolaram um touro
Mas ninguém te apresentou o cordeiro antes do fim
Falou:  “- olhe em seus olhos!”
Veja que lindo é o mar
Que lindo
O arrepio
O sentido da certeza
A distância da cobra perversa com sete quilômetros de extensão
Serpenteando vagarosa pela areia fervente da praia
Olhe nos olhos do cordeiro, antes da imolação
Veja quanta vida, quanto amor
Olhe nos olhos do cordeiro
Não se magoe com um afago
Uma gentileza
Tudo é troca, veja meu cabelo, como está cinco vezes mais lindo
Veja teus olhos, como não escondem medo
Atrás dos óculos-escuros
Onde houver amor não haverá ferida
Corra comigo, amor
Deite comigo, amor
Cuspa em meu rosto
Para que meus olhos brilhem como os olhos do cordeiro
Antes da imolação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário