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sábado, 7 de janeiro de 2012

Mirela MDCCLXXIX


Soube-se de um tempo antigo, no qual a serpente rastejava pela Terra
Isto foi antes da chegada do lagarto
Do homem-lagarto
Te fiz uma sinfonia linda antes de dormir
Ouvi teus anseios, teu largo sorriso
Ouvi o robalo saltar da água, predar uma libélula
A borboleta, a meia-altura do espelho
Não foi digerida
Verifica-se que o alimento ingerido pelo teu, pelo meu estômago
Já se alimentou de insetos, camarões, peixes menores e pequenos crustáceos
O champignon absorveu luz solar e cresceu
As batatas afundadas na terra
Proporcionaram ao solo o nitrogênio essencial
O arroz consumiu imensa quantidade de água para crescer
O chimi-churri esquecido sobre a mesa da sala
Observa o ora-pro-nobis com ar de solidão
Tens fome de amor?
Malte?
Amor, um beijo bem grande para você, um beijão
Irei arrumar o porão, o profundo de tua alma
Tua voz que ficou mais doce com o tempo, escorreram lágrimas de mel da tua retina para as cordas vocais
Ficou mais doce
Tenho tanta, tanta fome...
Meu único alimento é o cuspe que escorre da minha cara à minha língua
Encaro como néctar
Penso que um dia Oxum permitirá que eu beba de águas sagradas
Para limpar minh’alma dos fluídos deletérios do amor que não achei
Ave Oxum! Vos saúdo infinitamente!
Fome, Oxum, fome...
Enfeito o meu anjinho de fitas coloridas e saio para passear por paralelepípedos
Vou olhando pelas pedras de canto da rua para ver se encontro a flor azul que um dia cantei
Junto com teu nome há uma linha e anzol
O lúpulo de teu chopp, transportado por milhas, da Ucrânia até a praia, refrescam tuas cordas vocais e deixam tua voz ainda mais doce
Me dás laranja com ironia
És você quem escolhe
Sim, isso me faz feliz
Há diferença, percebes?
Tua liberdade é tão grande que podes pisar em um porquinho e me dar xeque-mate
O rei está morto
O robalo
Enterrado de tanto prazer em teu âmago
O cogumelo foi digerido
A batata derreteu
O chimi-churri está vivo na lembrança
Tenho fome, amor.  

Um comentário:

  1. Indivivencial

    [Provar o que prover será em si a provação de se aprovar]

    A louça estendida
    Assim tão esquecida
    Insetos bailam
    Na sobra inevitável
    A boca – seu lábio
    Cansado de dizer
    Adeus

    Estranheza aperta
    Mal estar lança
    Vontade apitada – peito
    Luta

    Indivivencial
    Escorre seco – novas fendas

    O corpo que se lança
    Em tão fino trato
    Também duvida

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