Pastoreias, aras a terra virgem
Sob a inspiração de Quíron deixo marcas de minhas ferraduras
pela relva, em busca de um sentido
Tu, aras a terra
Crias palavras novas, extremamente poéticas, desde o início
Junto um verso encavalado no outro
Touro
Como minha metade animal, metade humana
Capa verde-azulada-profunda nas costas, chegando até as
patas
Protejo-me das intempéries naturais
Estou sempre em campo
Forjando flechas de estanho com pontas de berilo,
filosofando
Sobre tuas dúvidas
Deito meu corpo com liberdade
Aro a terra
Tua respiração ofegante, esfumaçante no dia frio
Café, fertilizante na terra, sólidos sistemas de
pensamentos, potencialidades expandidas
Aguardo teu sinal para partir
Com o alforje vazio das poesias antigas, queimadas, roubadas
Atravesso um continente com ímpeto de centauro
Chego à praia
O peito estilhaçado de saudade das campinas por onde
pastoreei
De um sentido mais preciso e agudo, um apito, claro
A chuva da primavera molha teus pêlos, teu chifre, tua
argola
O cheiro de terra molhada te faz sentir saudade do mar, onde
estou
É distante
Pássaro nenhum voa
Mas há amendoeiras, sementes formosas, quartzo verde, livros
e espelhos
Quando novamente pastorear comigo em viagem longínqua
Estarás completa, eu feliz.
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