Roma, outra vez Roma em minha jornada espiritual
Espelhos no teto, mergulhos intensos, figuras de deuses
Na véspera do aniversário de Cristo, sinto fome, sede
De teu banquete, teu puro amor
Há sangue em minha boca, não há vinho
Vinte e Um de Abril, uma estrela brilhante no céu de
zircônia
Touro duelando com Centauro pela relva
Haverá vencedor quando a águia pousar?
Fico triste nos Natais
Hoje estou extremamente frio, quieto para não recitar
maledicências
Ninfas aparecem na vã tentativa de me fazerem carícias,
rejeito
Seus lindos rostos não se ressentem
Vão embora e pronto
Nereides cantam doces sons, meus ouvidos ignotos não vibram
Se eu tivesse uma arma meu amor...
Já disse, não tenho.
Os livros esquecidos, o número de telefone não discado, hoje
é Natal
Ganhei presente antes, adorei a deusa da floresta, armada
com suas garras de arranhar árvores
O quarto no número dois, acerola com laranja, água, muita
água
Houve um tempo que poderia dizer tua simbologia e de que
matéria és feita, moça bonita
Se eu ainda fosse gauche
Adoro ver os besouros polinizando flores
As lagartixas predando insetos em um bote fatal
Elas mastigam, saboreiam, se fartam, ceiam
Em Roma, também
As luzes diáfanas, a garagem e seu interruptor, lâmpada
ultravioleta, o brilho de teus olhos
Me traz paz, mais presente
Aphrodite sentada ao meu lado, sussurrando versos para te
escrever
Há algo errado comigo, meu amor
Estou longe e você está para chegar
Ansioso, preparo minha biga, enveneno minhas flechas com a
poção roubada de Cupido
Acertarei ou serei acertado, fado
Fome, muita fome
Ferido, deitado na relva, a lembrança de Roma dardeja forte
minh’alma
Mil lembranças se cristalizam e mil cristais se vão,
juntamente com a ninfas
Vão longe, muito, muito longe
Sobre os olhos, duas moedas para o barqueiro
A pronuba dança
Já é Natal
Cristo, afastei-me de ti este ano...
Rezo para que os anjos me iluminem e tragam-me de volta amor
Presente.
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