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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Segunda


Não me deu comida, amor
Pegou-me pela mão e me levou ao Santuário
Me mostrou pássaros, o corpo de São Pio encerado
O chão de tábuas-corridas, sem lajes, flauta
Senti-me saciado de tanto amor
Tanto amor
Me saciou mais, bem mais que a primeira
Não abriu garrafas de vinho
Explicou que pelo Cerrado não há tiês
Que eventuais camisas-de-força são frutos de uma prisão mental desnecessária
Aqui tudo é liberdade, a filha, o beijo, o atraso de um dia
(A segunda atrasou um dia, eu no adro da Igreja esperando)
Vinham lobos, lobos dourados se iam
A noite vinha profunda como sono, a segunda não conseguia se controlar, beijava e não deixava-me dormir
Pela mão, me levou a cascata
Eu, poeta
Rendido, sou todo seu, sou todo só
Vera não me reconhece (pudera...)
Sentes nostalgia?
Do piso de concreto
Do banheiro de água fria
Ele deve ter te dado a melhor pensão
Mas você não viu o lobo
Como todas as noites que estive aqui vi e se tivesses vindo veria
(Ao meu lado tudo aparece)
Aparecem rendas
São Francisco de Assis
Reverberando no dia da Ecologia
Sophie
Eleonora
Jacob
Joseph
Padre Sebastião na segunda noite
Padre Paulo na primeira
Reze a missa, tome hóstia
Quem é o anjo que encontro na trilha e me dá a chave da Capelinha?
Quem será que houve minhas estórias de fiscalização ambiental com tanto esmero e apreço
Interessada?
Vou ligar, o anjo some, o lobo aparece
Abro vinho e vejo o anjo fechar as janelas de seu quarto para dormir com o Cristo
Permaneço escrevendo
Eu, poeta
Me refastelo com a refeição do Senhor mas não me sinto digno
Se ao menos tivesse sido discípulo de São Francisco
Francisco, de Uberaba
Sem atrasos, sem segunda
A primeira sempre foi a Virgem
Maria
Sophie tetraplégica
O lobo se alimentando para procriar
Eu, cabernet-sauvignoy  tempranilo
Eleonora, com suas longas madeixas ruivas
Seria atualmente quem houve minhas estórias sobre São Paulo?
Seria ela que largaria o lobo e iria morar com o cordeiro de madeixas loiras?
Ela me pede tabaco e dou
A segunda tem a flâmula da primeira e é mais intensa
Com seu jeito e trejeito de horizonte sabe ser encantadora como a não-solidão
A segunda sabe ouvir e caminhar
Ela também será a terceira.

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