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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Relato


Velho Zé, abençoe meus passos, meus pés de vinte e nove quilômetros
Jogue água-benta, senhor padre
Estoure rojão
Ontem era julho, São João
Hoje é perto do final do ano, haverá réveillon
Não há amor algum, apenas barba crescida, tentativa
Beijo e só beijo, nada mais forte
No íntimo a espiritualidade penetrou
Borbulhou como água fervente
Reza
Ajoelhado, Ave Maria Cheia de Graça, o Senhor é Convosco
Bendita sóis vós entre as mulheres
Bendito é o fruto de teu ventre, Jesus
Rogai por nós Nossa Senhora do Rosário
Pelos que agora passam fome
Os que estão em penitenciárias
Os que sofrem os efeitos deletérios do terremoto
Por todos os tiês-sangue que se encontram na floresta agora, sem proteção contra predadores
Pela princesa em Nova Iorque
Pelas meninas que estão nas estradas do Nordeste
Pelas beatas de Belo Horizonte
Pela santa do Rio de Janeiro
Por aquela que teve seu filho no leito do Rio das Mortes, em Goiás
Pela fêmea ferruginosa do tiê
Vai beijo
Volta amor
Para o quarto de hotel iluminado
Uma aranha armadeira passeando na varanda , a rede estendida
O brilho da lua faz cócegas
Excita
Subi ao cruzeiro, observei tuas mãos arqueadas
Virei metade de um homem
Passei pela praia
Praia
Retirei a casquinha da mordida do carrapato, saiu sangue
Beijei tua boca
Não fui dormir
Tomei leite com groselha, pus brincos de prata
A lua
Te vesti um alforje para a cruzada, você saiu louco, procurando a moça de cabelos vermelhos como fogo
A Bela Louca
Vendei teus olhos
Te beijei suave
Apanhei com tapas
Saquei a espada, cutuquei Hurricane, o cavalo
Joguei cigarros na lápide de Jim Morrison
Estendi uma rede na frente do bangalô
Subi a Lapinha
Vibrei com a lua e o grito das pessoas que observavam a cena.

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