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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Irene

Passaste como um furacão em minha curta existência, um tornado
Não te trago elementos novos, como conchas, penas vermelhas, presentes a serem abertos no quarto, anéis
Nova Iorque parou e você não entendeu
Parecia impávida sob a tempestade tropical
Gotejando por teus cabelos com pontas de sol
Olhos negros, sem óculos-escuros
Sem camisa-de-força
Sem nada
A alma vazia, distante como estou agora
Meu coração despenca dos arranha-céus
Parte do JFK
Cai no chão, quebra, você junta, remodela, dá jeito
Vejo tua assinatura em naturezas-mortas, carimbos, sinto saudades
Não sei quando voltas
Quando vou, em quanto tempo um passaporte fica pronto...
Eu estava tão afundado em lágrimas, meu amor
Os olhos não mais vermelhos se vitrificaram em prata extraída da Montanha que Devora Homens
Perdi o parafuso, a razão, desde o tempo em que o furacão passou
Você ali, impávida, quietinha, como sempre foi
Mas tão poderosa, de uma fortaleza que Irene não se atreveria
De vez em quando acende um cigarro, um affair
Queimo todo por dentro, avisto Ellis Island
Compro uma bebida, coloco casaco de plumas sobre a camisa-de-força
Penteio o cabelo, sinto o vento gelado no rosto
Vendo teus olhos para que sintas o toque
Penso se a Receita Federal me concederia um passaporte
Se a Embaixada me daria um visto
Se o navio não sucumbiria no mar com o container que leva minha casa
Recarrego o Zippo made in USA, acendo-te um único cigarro
Te levo para tomar um vinho chileno no início do Outono
Falo-te coisas bonitas
Tatuo uma pena vermelha em meu braço
Irene não conseguirá fazê-la voar.

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