Sinto uma carência imensa em meu coração inexorável
Sinto falta de acordar e dormir ao seu lado, café
Sinto falta de beijos, músicas, brigas
Violinos tocam com suas crinas brancas de cavalos
Dançam odaliscas, recitam poesias, a centaura não aparece em minha vida
Espreitam geminianas, cancerianas, taurinas
Lêem horóscopos de sagitário fadado à solidão
Caminho cheio de carrapatos por vegetação ruderal
Copulo com velocidade e intensidade
Depois descanso por outros corpos que não são o seu
Cheio de mel, cheiro, sinto carência
Fico e espreito tua face ruborizada
A água não brota, a maresia do mar invade o oxigênio de meus pulmões já curados da tuberculose
Oxidam tudo, estou um doce meu bem!
No fundo eu queria encontrar uma santa que me tirasse deste local que me meti
Com véu, luz e amor
Mas tal só poderia ocorrer a custa de sofrimento e sangue
Foi Shakespeare há muito tempo quem alertou sobre a impossibilidade de tuas asas
Auréolas, brincos de argola, calcinhas provocantes, objetos de excitação
Nada disso há de salvar, teus sussurros na ponta da orelha do centauro
São carência, ausência, pássaros que não sei identificar quando pousam
Outra vez em incursão não encontrei a pena de tiê
Estás tão, tão longe, que é como se todos os tiês houvessem partido contigo para Joplin
Habitam teu quarto recheado justo agora, te fazem festa
À meia-luz chuvosa do sopé da montanha
Sinto uma falta de não sei o quê.
Nenhum comentário:
Postar um comentário