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quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Coletor

Meu vinho branco cristalino desce suave pela garganta
Enquanto ouço palavras doces ao ouvido
Palavras baixas
Sussurros
Te entendo, gemo
Continuas a sussurrar aramaico, palavras de 2.000 anos atrás
Como um tiro na cabeça de JFK
Uma pancada o que sussurras, minha linda
Perguntas, tentações, canela
Nós dois caminhando juntos pelo aeroporto, com casacos quentes, vermelhos e espalhafatosos
Feitos de plumas de tiê
Ambos com óculos escuros para disfarçarmos os olhos derretidos de tanto beijo
Tantas palavras sussurrantes
O poeta é um coletor, não consegue se desfazer de sua musa
A musa pede, mas o poeta não consegue
O poeta vive da inspiração distante, vinho e beijo impossível
Lira dos Vinte Anos, taverna
Vive da busca incessante pelo Cristo, paz no coração da amada
Natureza
Com suas patas de centauro, é guerreiro forte
Arco e flecha engatilhados, pronto a acertar corações perdidos, pulsantes
Mal sabe o poeta que é ele próprio a vítima da musa de cabelos de fogo e verão
Joga os dados sem se importar com o resultado, a posição
Sempre perde
Mas sabe o poeta que transmite felicidade à musa em território distante, americano
Aeroporto JFK
Yelow cab, camisa-de-força aberta
Quitina
Tudo em minha musa é fresco e encantador
Possui a força de um touro, o olhar cândido e simples dos anjos celestiais
Na mata, quando encontra o centauro, sabe que flecha nenhuma será capaz de atingi-la
Olhar nenhum será capaz de arrebatá-la, eis a musa
Com seus olhos de fogo
Sua voz doce sussurrante
Eis a alegria do poeta
A musa, de plumas vermelhas, ferruginosas, esvoaçantes
Uma brincadeira estas iniciativas poéticas em que ruborizas a face
Pedes para parar
Não continuar
Assim escravizas mais, perdes outras flechas, agarros, folhas caídas
Qual o teu fuso?
Onde tua avenida?
Voltas quando?
Sabes onde achar as respostas do poeta a pedidos vãos
Em sussurros, voz doce, suave, mugido de touro, pasto
Quando partistes criou na mente do centauro um psicodelismo de ausência (sinto falta!)
Uma saudade onírica, árcade (Pan e sua flauta mágica pela ravina, o lobo-guará)
Eis que surge o poeta
Para te encantar distante
Ficar feliz (olhos derretidos, camisa-de-força)
Palavras sussurrantes.

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