Seguidores

terça-feira, 12 de julho de 2011

Meu Nome Não É...

Johnny, hoje vou te fazer sorrir!
Me abrir inteira para você
Terás o impossível, não o possível
Irei dançar e cantar na tua frente
Com minúscula roupa íntima, apenas
Te trarei vinho, muito vinho!
Balança e morangos tenros, suculentos
Te falarei sobre matas, pássaros de fogo
Profetas, falanges de espíritos de luz
Darei-te um passe com minhas mãos quentes e energéticas
Desenharei um mapa branco em meu corpo para que possa tocar, sentir e chegar
Colocarei rocks grunges em alto volume para você ouvir
Te alimentarei com mais vinho, morangos ácidos e brilhantes
Meus olhos serão incandescente luz
Sussurrarei palavras baixas em teu ouvido que amor nenhum sussurrou ou sussurrará
Arrumarei nossa cama, te farei a barba
Tecerei o manto para tua pele com o linho mais alvo
Te darei uma filha linda
Comprarei tapetes aconchegantes para teus pés não pisarem nunca em mármore frio
Nunca te farei chorar
Banharei teu corpo com óleos essenciais, mulungu
Estalarei teus finos dedos
Massagearei teus ossos, tua carne, teu sangue
Tua cruz
Beijarei tua face mil vezes
E mil vezes não me beijarás
Construirei para ti um barco forte
Que navegue até as montanhas dos Andes
Equiparei teu carro com potência inigualável
Para saírdes nas noites gélidas sem medo
Sem mim
Encherei tua taça com mais vinho
Mais ácido, mais mel
Mais beijo, ingredientes químicos de batom
Te indicarei onde reside a cobra de sete quilômetros, o lagarto e o bagre cavernícola
Plantarei sementes para ti e nossa filha
Tirarei a minúscula roupa íntima e te farei gozar
Soltarei aranhas em teu quarto de piedade para te protegerem
Revelarei fotos antigas do Paraíso em preto e branco
Fruta-cor
Acenderei teus olhos, teu cigarro e tua cortina
Teus lençóis, o rótulo de teu vinho
A grafite de tua lapiseira
Tua vitrola
Minha roupa íntima pequena
O pássaro vermelho
Avião
Teus poemas tão meus
Me jogarei novamente sobre teu corpo e novamente gozarás
Apagarás o fogo e te farei café, bolachas
Buscarás mais vinho e não acharás
Tão pouco minhas lágrimas, minha roupa íntima, minha lembrança
Na estante apenas Grande Sertão, Veredas
Agulhas, flores e casaco Adidas
Te levo para Nova Iorque, Ilha Comprida
Faço conexões sem escalas
Ruborizo tua face alva e pura
Domo a coruja
Propago amor contigo na Restinga
Transo na praia
Quebro galhos de árvores mortas
Acendo mais fogo
Sobre o manto de linho branco, coloco em ti flanela quadriculada, chapéu de palha, costeletas feitas de rolha queimada
Completo tua taça, dou beijos suaves
Propago mil maravilhas sobre tua pessoa
Te idolatro e beijo teus pés
Os lavo com água fluidificada
Ramos de acácias, romãs
Mostro-te os seios e os acaricia com gula
Toques faiscantes, brutos como dentes
Coloco paralelepípedos em tua calçada
Reformo tuas janelas com a cantaria mais árcade possível
Para lembrardes do tempo que passou
Não voltou
Peço-te perdão por meus erros
Devaneios
Pela cambraia amarelada de meu vestido roto
Pelo violão que não soube dedilhar quando te quis cantar
Pelo vinho que acabou aquela tarde
A uva que não frutificou
Pela geada, pela lua nova
Os cristais de gelo em tua face face branca, morta
Por teus heróis que faleceram vitimados pelas drogas
O arroz que queimou
A água que não ferveu
O filhote de pássaro que caiu do galho
O irmão que foi atacado pelo predador
O outro irmão que foi atingido pelo raio
Enquanto chovia e você dormia, pós-coito
Por vendar teus olhos para me sentir intensa
Johnny, hoje vou te fazer sorrir...
Recarregar teu isqueiro
Tua chama forte, tua pedra de fagulhas de fazer fogo
Colocarei em teus pés novas ferraduras
Passarei veneno em tua flecha Centauro
Para acertar o Cupido que me acertou
Vendou meus olhos, me deu balança
Enquanto pendo irremediavelmente para ti
Para teus olhos, tua boca de labirintos
Trarei para ti mais vinho, mais taças
Te embebedarei para te sentir mais intenso, mais viril
Cultivarei tua vinícola com esmero
Cuidarei de teus porcos, tuas plantas e sementes
Tua gata, teu cão, teu amor
A ela enviarei tuas cartas com cheiro de uva
Postarei mensagens, lançarei garrafas ao mar, próximo ao barco forte que para ti construí
Orarei por tua santa
Nossa Senhora Mãe dos Homens
Em reverência, com véu de linho sobre a face ruborizada
Tocarei meu sino, somente você ouvirá
Acharás caminhos de felicidade no escuro
Minha face, minhas costas
Boca
Te guiarei para casa quando o combustível e o motor de teu carro não mais aguentar
Quando tua cabeça rodar, te darei mais vinho
Acariciarei teus cachos com minhas unhas negras
O som eterno de minha voz
Passarei mel em teu corpo adormecido, tua mente cansada
Em devaneios, sintonizada folk
Festivais de blues e fandangos pretéritos
Fotografias de abraço, perispíritos unidos
Cristo
Morangos ácidos
Grafites âmbar de lapiseiras
Metal abrindo rolhas, rasgando rótulos
Minúsculas roupas íntimas
O tempo puro está chegando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário