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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tristeza II

Vivo de um passado qualquer
Sem fé
Vazio
Não encontro companhia, mata, repelente
Roupas dobradas na mochila carcomida pelo tempo
Estrada, amor não há nenhum
Amanhã embarco mais uma vez para o Vale
Sem voz feminina qualquer
Apenas botas de borracha
Chuva fina, coração dilacerado
Quando voltar, voltarei só
Acredito e espero encontrar a pena de tiê-sangue
Ver o gavião
Uma pena só
Qualquer tristeza tardia
Um perfume tão doce que lembre seu sorriso
Fulgurante, teus cabelos banhados com pontas de sol
A ironia de teus dentes de mata
Rapidez de pensamentos desconexos
Bebe
Aprofundas o martelo na carne, disparando pregos de restinga
Farpas ombrófilas
Regeneração de palhaço
Que se esvai em sangue rubro de tiê
É tempo
E rís
O riso vermelho, desconstraído das caiçaras
Do interior da alma
Buscas asas, banana-da-terra
Administrativamente, te arranco dessa cadeira fria
Jogo-te em ares de vida
Nunca d'antes respirados
Ares que voam gaviões, tiês e os pássaros brancos cristalizados de Renata Maria
Tudo te parecerá demasiadamente alegre
Enquanto o poeta que percorre estradas cinzas
Se distrai
Se esvai nos olhos de mel qualquer
Porta infinita de algo que desconhece
Nunca há de conhecer.

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