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domingo, 6 de março de 2011

Ora Pro Nobis

Pode comigo?
Eu posso contigo!
Tragar tua seiva, absorver pelo xilema
Luxúria, duas moléculas de hidrogênio
Uma dose de oxigênio
Pitada de píton
Vermelho couro
Adoro bondage
As cordas com as quais entrelaças minha mão
Algema nos pés
No coração...
Óleo de amêndoas pela pele
No pêlo aflorando tesão
Vai ver porque sou cristão
Mistureba sacra, profano a calça
Violentamente de tuas pernas retirada
"- Ahahá"
"- Péra ê, seu muleque!
Mal largou do pé-de-moleque e já quer mais amendoim?!"
"- Tua turbina rogatória
Minhas cartas precatórias
Bolinho de palma com espuma
A boca baba, beija, se acalma
Três boquinhas secas de água!"
Foi mal! Não queria te ofender
Desvirtuei tua fama, emaranhei tua trança
Da transa mesmo... nem sinal
Tudo bem! Não ligue a um eunuco transcendental
Repare só na primavera, tudo o que é perfeito
Foi Deus quem fez teu xamã
Nunca havia pensado antes em sexo
De repente... estalo!
Não pense que a vida é triste
Nascemos nós todos de uma gozada
Logo após ao frango com polenta e quiabo
Veio o batizado
A primeira comunhão
Um pedido de perdão
Os amigos chamando para sair
Você querendo ficar, bater e gritar
Arranhar com força as costas hidratadas de teu amor
Urrando de tanta dor
"- O mundo que se exploda lá fora!"
Hoje quero mesmo orar
Por tudo o que é bom e belo
No caramelo de teu cabelo arrumo a fita amarela
No calcanhar o mesmo gosto do dedão
Quer mate?
Roupa lavada, frango com chuchu?
Pimenta, aqui a letra queima
Retira da terra o principal nutriente
Escreva em meu corpo um cardápio
Sirva-se, não pese!
Desça pela laringe, traquéia
Uso tua barriga de aluguel
Engravido a mim mesmo
Parto
Dentro de teu estômago os ácidos gástricos não me atingem
"- Estou chorando mesmo por chorar"
Ânsia de frango com salsão
A gêmea ao meu lado se chama Iasmim
"- Não a batize, mamãe!
É justo que ela própria escolha sua religião
Quanto a mim
Mate meu desejo de ingerir frango ora pro nobis
Faça-me ter a bondade dos fantasmas." 

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