É linda! É realmente linda...
Perpassa os paralelepípedos de Vila Preta
Todo o suor sujo do sangue puro ouro
Tão rico ao redor
Dessas ladeiras de onde se observa tudo
Absorva-se e incorpore-se ao som do antigo
Ouça aqueles que choram e todos que lutam
Simplesmente porque da água de Ouro Preto não beberei
Hoje
Beberei pinga dos tonéis de Ouro Rica
Movidos pelos escravos da indulgência santa
Entenda! É que tenho frio apesar do sangue quente!
Quanto sangue em apenas uma poesia!
Enquanto a cidade é tão bela
Arte emoldurada na sacada branca e azul desta sala
Até acho meio paradoxal tanto "a"
A ecoar
Sussurrar Vila Rica Prata Preta
É muito dinheiro dentro de uma igreja, meu Deus!
Talvez a incongruência barroca a me impressionar
Confrarias triangulares a se delatarem
E o equilátero?
O equilátero, meu senhor, não é humano
Mas se reveste dele para nos saciar
Os olhos pretos vertiginosos daquela donzela
Pingam
Pingam
Pingam
Dizem até que Ouro Preto é melhor que um orgasmo
Recitam serem as palavras poderosas
No carnaval... um pouco perigosas
Deixa o bloco do cartão passar!
Deixe as cruzes repousarem no céu escarlate!
Deixa os chifres no alto da Igreja do Antônio Dias!
Estar!
Meu anjo, presenteio-te com uma ameixa
Para rimar com "deixa"
E saciar tua fome louca por paisagens transcendentais
Em que teu espírito bom se acalma
E pensa
Para
Vila Rara
Ouro que separa
Afastai de nós a ganância
Verso que não sai deste maldito "a"!
Quanta metalinguagem!
Vou mudar...
Escura Lua Rica
Teu ouro resplandece como Sol
Faz brilhar os olhos injetados de pedra, rocha
E da cultura que vou procurar
Ar!
Desculpe-me! Já estou bêbado!
Lembra-te da pinga?
Pois é, Deusa Cultura!
Não sei se estás no bar ou nos livros setecentistas
Ou nas donzelas a me atentar...
Eu vou me embora de Vila Rica!
Vou para Paságarda!
Mas vou só!
Porque todos os amores que encontrei em Ouro Preto me deixaram só.
E mesmo assim não vou tão só
Um pouco desses amores vai comigo
Vai até eu morrer
Percorre minhas mãos e fulmina meu cérebro
Tal como um filme, passa imagens de igrejas
Com muito ouro e a pobreza de meu coração
Já vos disse que não sei como vim parar em Vila Pedra?
Pois é! Antes de vir para cá não tive expectativas
Mas elas apareceram ao romper as minúsculas fachadas
Portões para o cosmos que é Ouro Amarelo
Onde o tempo não passa
Tão rápido
Perpassa uma tristeza abissal na lágrima
Que pinga
Pinga
Pinga
Pelos telhados
De Vila Eira
Ouro Beira
Todos os habitantes são loucos
De vontade de se rebelarem e gritarem:
"-Ei! Ei! Ei! Tiradentes é nosso rei!
Liberta Chico Rei! A ignomínia de teu ouro!
Purifica-nos com estrelas cadentes e luzes despretensiosas."
Se possível, mas uma dose de cachaça
Porque o amor é um jogo que vale diamantes, estanho
Cobre e ouro
Vale a felicidade desta Vila
E vale a riqueza de meus bolsos rotos
Pretos
Ouçam bem os acordes das cordas
Enforcando pescoços no morro da forca
Ande na pedra e no melaço da cana!
Pinga e pedra! Uma mistura muito pacífica
Chega a ser até divina
Na Cidade Preta
Na Cidade Rica.
(Desculpe-me Pai, por estar bêbado!).
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