Foi no pretérito mais-que-perfeito
No quarto último da Casa das Aranhas
Sobre meu umbigo dormia um anjo
No ambiente impregnado de paz
Anjos nimbados de intensa luz transavam
Deleitavam-se de prazer por todas as posições
O Kama Sutra continha pedaços da Bíblia
No final da rua ergueram uma lápide
Simbolizando a morte depois do reencontro
E o sexo, angelical
Transforma fragmentos do Evangelho em horóscopo
Touro, figura escaldante
Os anjos se inspiram
Acima do armário, na rede
A parede contém um ideograma do Paraíso
Um vaso preto de jasmim com dezenove brotos
Pelo ar, ferormônio
Aspiro como um vouyer o éter local
Afago a nuca de meu anjo dorminhoco
Dopado, não percebe a santidade percorrendo o espaço
Oh meu anjo lindo! Observai o tântrico!
O púbis e meu hálito
Os dados! Toda voluptuosidade serena do tatu-bola
Impassível frente ao xeso e ao xaxim
Tetrahidropaixãodesprendidacasualbinol
Um estilete para cortar os pulsos
Jorrar no quarto mais ferormônios
Para atiçar o acasalamento dos anjos
Insensíveis à lógica do Universo
Tão preocupados com as pílulas e a tabelinha
E a imagem de Nossa Senhora dos Anjos
Abençoando Azevedo e a orgia que se prolonga
Até o final da santa menstruação.
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