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domingo, 6 de março de 2011

Céu de Brigadeiro

Por que a minha realidade não tem só a ver comigo?
O que ela enxerga é lira
Vinte anos e o tempo voou
A aula de agora, qual é?
Do tom suburbano, papel vergê verde
De onde despenco de um céu lindo de brigadeiro
Negro como um buraco no meio do Universo
No dengo da alma, o que há?
A queda repleta de perguntas
A poesia cheia de desvirtudes
Meio sacro de expressar
Nossa Senhora! Como os santos aqui olham fixos!
Dançam loucos em movimentos tão roucos
O q, uma interrogação de i
No canto esquerdo o querido jasmim
Vaso, extravaso, repasto todo o céu
Digerindo nuvens
Ah! Janelas abertas para pular
Ficar quietinho, observar
Condensar de leite o pincel
Quando na taberna pintar na tela o pintassilgo, o curioso, o curió
Meu tiê-sangue fugiu pela janela
Repousou no convento infestado de escaravelhos
Pinte também uma pirâmide!
Contraste, céu de brigadeiro
Qual o sentido do neologismo?
O preto, o branco, o duo e o carmesim
Todas as ladeiras transbordando nanquim
Pessoas! Quantas rodando o redemoinho!
Salto mais uma vez do céu
A plataforma quilométrica
Reino azul
Fome zero
A apatia minha dá dó, choro...
Chove também, apesar de hoje ser tudo diferente
Quieto
Gosto do prosaico
Da fineza dos narizes dos escravos
Todos no morro, marginalizados
Sei onde percorrer e sei responder tudo o que perguntares
O ritmo da vida
O gameta polifásico
Agora, por exemplo, todos dormem profundo
Inquietam-se, tragam o som
O fogo e o touro
Arremessados de catapultas no céu escuro de chuva
Negro como o brigadeiro
Trazido por meu pajé que a todo tempo aconselham
Vagam por espaços infindos
Éter na mente, saltam, fazem chover
Dançam à chuva e à Tupã
À tudo o que liga como a margarina
Ah! Se eu pudesse dar conta
Perceber, para pular contigo dentro de mim mesmo
Perto da imensa brigada celeste
Saciada de tanto brigadeiro.

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