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domingo, 14 de junho de 2009

Original IV

Das origens e das entranhas o xamã brota
Como se do céu caíssem poesias, palavras
O ácido que tomas hoje foi preparado em tubos de vidro
O tabaco devastou matas virgens nativas
E fumas, ávida
E o xamã traz visões intangíveis
A morte dessecando corpos, guerra
Danças em círculos de fogo
E...
Escolheste beber cerveja preta
Falta de rima
Caos
Inverno
Acenda outra fogueira
Dance nua ao redor, em transe
Faça apresentações ritmadas
Cante e conquiste tudo e a todos
A cobra de 11 quilômetros, com suas escamas frias, te guiará até o Paraíso
O mesmo que ela, que era o amor, fez questão de vomitar
Nem fez tanta questão assim
Nem fez tanta questão assim
Não perguntou
Urrou, bradando seu grito de raiva, sua menstruação doce
Falou impropérios que me fizeram ir embora
Bater com força a porta, para talvez nunca mais voltar
A teus cabelos negros
Presto devoção
Roma jaz sepultada, assim como os anelos e cachos sem igual
Os seios rijos
O mármore carrara
As colunas
Desmoronaram
A barba cresceu
Fiquei sem ácido
Sem amor
Vaguei montanhas frias e escuras pelas madrugadas
De manhã, vi emas, ninguém acreditou
Fumei pontas enquanto dormias com teus lábios grossos e cansados em quartzito
Raspei a piteira
Não fez sentido, dormias tão encantadora
Após a noite sem lua
Sem javalis
Sem neve
Falei em amizade e você corretamente negou
Um passeio, um cigarro, um presente e tudo acabou
Foi bom, não?
Mandarei uma carta, apenas não sei se o endereço que vives é o mesmo
Alguma coisa ficou, eu e esta idéia de amizade, de fugir para curtir
O que você quer agora?
Quer sentir o vento, escalar madrugadas?
Me quer ai, neste lugar de trânsito incessante, de loucos?
Ninguém me descobre, nem eu
A não ser quando viro para o outro lado da cama e te puxo o cobertor
Quando tomo teu ácido e saio nu, procurando fogueiras de São João
Para dançar em volta
Depois pego a direção de tua casa e peço suplicante abrigo
Negas e chove
Rodo por veredas
Bebo chuva pura
Sulfurosa
Corroendo o espírito
Há o Cristo, que me envolve em seu manto cristalino e me guia até uma choupana qualquer
O que fiz?

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